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bird bird

#280 O Que Alguém Quer Dizer com "o Universo"?

May 13, 2015
Q

Eu tenho uma pergunta sobre a cosmologia contemporânea e sobre a maneira que a palavra "universo" é frequentemente utilizada. Como você sabe que quando um defensor do argumento Kalam usa a palavra universo, ele quer dizer "todo o colector de espaço tempo"? No entanto, há um tempo atrás, nos fóruns e no link, no final, alguém apontou para o fato que quando físicos como Vilenkin usam a palavra "universo", eles estão usando isso de forma diferente do que os defensores da Kalam estão. Ele, então, dá uma citação (via correspondência de e-mail aparentemente) de Vilenkin dizendo:

É certamente mais do que o que podemos ter acesso. Regiões além do nosso horizonte cósmico estão incluídas. Mas se existem outros universos cujo espaço e tempo estão completamente desconectados do nosso, aqueles não estão incluídos. Assim, por "universo" quero dizer toda a região do espaço-tempo conectado .-- Alex V.

Se isso for verdadeiro, então o que isso faz para a evidência científica que você e Craig usam para defender a premissa (2) do Kalam? Obrigado pelo seu tempo.

Fonte da citação vem daqui:

http://debunkingwlc.wordpress.com/2012/03/03/universe-kalam-and-equivocation/

Truthseeker

- país não especificado

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Dr. Craig

Dr. craig’s response


A [

Esta pergunta foi na verdade enviada para o meu colega James Sinclair, que gentilmente transmitiu a sua resposta como um bom candidato para a Pergunta da Semana. Sempre um prazer em familiarizar os leitores com o trabalho de Jim, eu concordo. Mas antes de eu compartilhar sua resposta, eu quero dar a resposta simples, que me parece totalmente adequada.

Vilenkin e eu estamos usando a palavra "universo" com exatamente o mesmo significado. Se existem outros universos causalmente desconectados isso é totalmente irrelevante para a solidez do argumento cosmológico Kalam. Pense nisso: suponha que, por uma questão de argumento, existam outros universos causalmente desconectados com o nosso. Eles são, por essa razão irrelevantes para a conclusão do argumento Kalam. Em particular, eles não podem ser a causa do universo de que fala a conclusão do argumento. Então todos os meus argumentos relativos às propriedades da causa do universo permanecem como antes.

Portanto, o não-teísta não pode evitar a Deus pela conjectura metafísica que outros universos desconectados possam existir. É claro que, se o não-teísta conjectura que esses outros universos são causalmente conectados ao nosso, então eles são parte do universo e estamos de volta aos argumentos de Vilenkin, de que não existe um modelo sustentável do universo, assim definido, que não tenha um começo no passado finito. A chamada "topologia nula", discutida por Jim abaixo, se interpretada como fisicamente real, é por definição parte do universo e então necessitada de uma explicação para sua vinda à existência.

Agora, para a resposta mais cientificamente sofisticada de Jim, continue a ler:

Obrigado pela pergunta. Deixe-me começar por comentar que o assunto em questão não afetaria a segunda premissa do argumento kalam:

2. O universo começou a existir.

de modo algum, muito menos a evidência científica que WLC & eu trazemos à tona. A pergunta parece lidar com a conclusão do argumento kalam:

3. Portanto, o universo tem uma causa.

Aqui, o blogueiro está aceitando a conclusão do Kalam de que o universo tem uma causa, mas contesta a identidade da causa. Então eu acho que nós queremos explorar isso.

Na resposta da Vilenkin, noto que ele está usando a linguagem da Teoria Geral da Relatividade (TGR). Ele está falando sobre espaços-tempos, o que significa que nós estamos levando a sério a existência de espaços-tempos como entidades fundamentais. Então, por agora, vamos falar da TGR também.

Se espaços-tempos estão desconectados, eles não têm nada a ver um com o outro, o que inclui as relações causais. Seria uma questão teológica interessante de abordar se Deus (não causado, imutável, Criador eterno, extremamente poderoso, e imaterial do WLC) é responsável por esses outros universos. Mas não teria impacto na conclusão do kalam (ou (2)). Nesse caso, a definição relevante de "universo" é a de Vilenkin.

Vamos ser caridosos com o adversário, no entanto, e tentar pensar em um caso que ele possa estar imaginando. Agora, apenas o espaço pode se tornar desconectado, como no caso do processo de Guth-Farhi, em que um espaço mãe dá à luz a um bebê. Um buraco negro conecta a mãe e o bebê, que eventualmente é "liberado", não muito diferente da maneira como o cordão umbilical é cortado em um nascimento humano. Aqui, a mãe é a causa do bebê. Assim, um "universo" material é responsável por outro "universo". Eventualmente, a mãe e o bebê se tornam completamente causalmente desconectados. Mas o espaço-tempo como um todo ainda está conectado. Aqui eu definiria "universo" como o espaço-tempo total, incluindo o bebê, mãe, sua mãe, e assim por diante.

Suponha que nós vivemos em um bebê Guth-Farhi (que é o ingrediente ativo do modelo Sean Carroll-Jennifer Chen). Como é que seguiríamos o argumento? Nesse caso, existe um argumento termodinâmico muito bom, de Brett McInnes, de que os bebês devem obter a sua seta de tempo termodinâmico de sua mãe. Se um universo mãe, é o bebê de outro, ele não poderia ter obtido a sua própria seta. Portanto, há um universo mãe final para esta disposição, que McInnes chama de "Eva." Nós, então, aplicaríamos nossos argumentos habituais em relação a "Eva" para argumentar que o espaço-tempo todo tem uma origem transcendente. Ou poderíamos argumentar que um universo eterno no passado ainda deixa a pergunta da seta por resolver. Isto seria semelhante à crítica de Stephen Hawking contra os universos eternos no passado; todos eles têm condições de limites arbitrários que lhes são impostas "no" passado infinito. No caso do modelo de Carroll-Chen, "Eva" é um vácuo De Sitter (um espaço com nada, exceto um determinado tipo de energia escura). Este é o caso paradigma para a aplicação do teorema Borde-Vilenkin-Guth. Ele tem um começo ao passado finito, a menos que você acha (como Carroll & Chen acham) que a flecha do tempo eventualmente inverta.

Ok, então o que acontece se inverter a seta? Nesse caso WLC e eu defendemos que a parte do espaço-tempo com a seta invertida não é, em nenhum sentido, o passado da porção do espaço-tempo em que vivemos. Em vez disso, como com a proposta "bi-verso" de Victor Stenger, você na verdade tem dois universos com uma origem comum. Se você tentar argumentar que é o passado, você chega a uma contradição: é tanto antes quanto depois do nosso universo presente. Como alternativa (como Anthony Aguirre tem sugerido como uma possibilidade a respeito de seu próprio modelo similar), pode ser que você tenha uma mera descrição redundante de apenas um espaço-tempo de flecha singular afinal.

Se você deixar a TGR para trás, e ir para um modelo de gravidade quântica (como o modelo de Vilenkin "tunelização a partir do nada"), então o quê? Neste caso, a realidade material surge do "nada" para a existência. A pergunta é: o que significa "nada"? De acordo com o modelo, "nada" é um "ponto". É uma topologia que tem zero dimensões. Vivemos em um espaço 4-dimensional que veio a partir desta "coisa" 0-dimensional. Então o que é? É apenas um modelo? Ou ele deve representar algo real de fato? As opções parecem ser algo como:

1) É apenas um modelo; não representa algo real, mas é apenas de valor instrumental.

2) Representa a física inadequadamente, tentando interpretar "nada" em seu sentido próprio de "ausência de qualquer coisa." Neste caso, a física não pode deixar de interpretar "nada" como algum tipo de "coisa". No entanto, no momento em que você faz isso, você tem "algo". (Lawrence Krauss escreveu um livro inteiro sobre o assunto e ainda não entende!)

3) É uma entidade matemática.

4) É físico.

Agora eu tendo a pensar que (1) e (2) são explicações adequadas do significado (ou falta dele) da topologia nula. (3) falha porque, como o matemático John Lennox explica em vários livros em resposta a Stephen Hawking, entidades matemáticas são universais abstratas, e essas coisas não têm poderes causais. As "leis da mecânica quântica" não são, portanto, a causa do universo. Isso deixa a "mecânica quântica" como descritiva de um poder que alguma entidade concreta tem. Agora, como o blogueiro sugere, (4) poderia aplicar-se aqui? A causa do universo poderia ser uma coisa física?

O filósofo Quentin Smith tomou a topologia nula literalmente e defendeu (4) em seu artigo, "O Tempo Foi Criado por um Ponto Atemporal". Eu não acho que o blogueiro esteja mirando para a visão de Smith, mas é melhor tomar o caso do seu adversário e melhorá-lo para ver quão bom ele pode ser.

Bem, se uma visão dinâmica (tensed ou ou temporal) do tempo é verdade, então (4) falha como uma explicação. Como WLC argumentou, se o Criador é uma coisa impessoal, então o Criador e criatura devem coexistir juntos na eternidade atemporal. A propósito, quando as pessoas, como Lawrence Krauss e Victor Stenger dizem que "nada é instável," a única maneira inteligível de interpretar a declaração é através de um processo dinâmico. Então, à medida que eles têm pensado sobre o problema, eles parecem estar endossando uma visão dinâmica do tempo.

Eu acho que uma entidade imaterial é a melhor explicação para a causa do kalam. Repare que eu não coloquei isso na lista. Eu acho que é perigoso identificar uma entidade em um modelo físico com Deus. Penso, por exemplo, que as tentativas honestas de Frank Tipler de colocar fisicalismo puro com o cristianismo falham, e sem querer levam a uma visão panteísta da realidade.

Se o blogueiro tem outro exemplo em mente (se ele coloca um pouco de carne na afirmação), mande-me uma frase e deixe-me saber sobre isso.

Felicidades,

Jim S.

- William Lane Craig