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bird bird

#362 Nova Evidência Para Inflação

May 16, 2015
Q

Oi

No noticiário noto que o projeto BICEP2 lançou alguns dados que medem a polarização da radiação cósmica de fundo devido às ondas gravitacionais nas primeiras instâncias da existência do universo. Os físicos parecem estar ficando animados por alegarem que apoia a teoria do multiverso. Eu não estou familiarizado com a matemática subjacente na cosmogonia, então eu queria saber se você tem quaisquer comentários sobre algumas das reivindicações deles:

Afirmação 1: "As ondas gravitacionais são evidência de inflação". Ondas gravitacionais poderiam ser compatíveis com alguma teoria alternativa menos popular?

Afirmação 2: "A inflação comprova o modelo do multiverso". Andrei Linde (um dos teóricos inflacionários originais) chega ao ponto de afirmar que "se a inflação está lá, o multiverso está lá". Esta afirmação é bem apoiada pela matemática? Você acha que esta alegação é filosoficamente sólida?

Eu ficaria muito interessado em saber a sua opinião sobre este desenvolvimento recente.

Obrigado

Pete

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Dr. Craig

Dr. craig’s response


A [

A recente notícia da colaboração BICEP é uma reminiscência da notícia no ano passado a respeito da descoberta do bóson de Higgs: a evidência confirmou o que quase todo mundo já acreditava. A história é mais uma vez uma ilustração maravilhosa da descoberta de experimentalistas do que os teóricos tinham em hipótese. Portanto, não há nada de revolucionário sobre esta descoberta (o que não diminui de forma alguma o seu significado!).

Mas mais uma vez, isso não impediu algumas pessoas de fazerem afirmações irresponsáveis. Por exemplo, eu vi Lawrence Krauss responder à descoberta repetindo a sua afirmação cansativa e muitas vezes refutada que mostra como o universo poderia ter vindo naturalmente a existência do "nada". Não importa que o universo já existia antes da inflação! Como todos sabemos, Krauss está usando a palavra "nada" para se referir a um estado físico do começo do universo a partir do qual o universo evoluiu.

Quanto às alegações que você menciona:

1. A radiação cósmica de fundo é um pouco parecida com uma tela atrás da qual não podemos olhar para ver o que aconteceu nos primeiros estágios do desenvolvimento do universo. No entanto, o que aconteceu do outro lado da tela pode deixar marcas na própria tela. Ao estudar os padrões dessas impressões, astrofísicos podem fazer inferências sobre o que aconteceu no outro lado que deixou tais padrões na tela.

A colaboração BICEP descobriu que a radiação cósmica de fundo traz a marca, não só de flutuações de densidade, que eventualmente evoluíram para se tornarem galáxias e estrelas, mas também de uma outra coisa, que impressionou na radiação de fundo um padrão de redemoinhos em sua polarização. A melhor explicação para esse padrão é que é a marca das chamadas ondas gravitacionais, um fenômeno até então não detectado pelos experimentalistas, embora previsto pela Teoria Geral da Relatividade. Ondas gravitacionais são ondulações no espaço-tempo que se pensa surgirem normalmente pela aceleração mútua de massas, como em um sistema onde duas estrelas giram de forma assimétrica sobre um centro de massa comum. O que causou as ondas gravitacionais cuja marca foi deixada na radiação de fundo? A hipótese de que o universo passou por um breve momento de expansão super-rápido ou inflacionário prevê tal padrão.

A equipe fez um grande esforço para garantir que o padrão de polarização detectado não fosse devido a erro em instrumentação ou a influência da poeira cósmica ou fatores galácticos. Eles parecem ter descartado alternativas para ondas gravitacionais como a fonte do padrão observado. Eles não discutiram se não podia haver algum outro tipo de modelo não inflacionário que poderia plausivelmente dar conta das ondas gravitacionais primordiais. Vejo que Paul Steinhardt, um cético da inflação, já admitiu que, se os resultados se mantiverem, o seu modelo é insustentável. Talvez existam outros modelos que poderiam ser criados, mas a confirmação por experimento de uma previsão feita em termos teóricos é uma poderosa evidência para a verdade de uma teoria.

2. Quanto ao comentário de Linde do multiverso, a inflação apenas não garante um multiverso. Tudo depende das propriedades do campo inicial responsável pela inflação, sobre o qual só podemos especular. Podem existir outros universos que inflam, ou podem não haver. O que é importante ter em mente é:

(i) A teologia não tem motivos para negar que Deus possa ter criado uma realidade mais ampla do que apenas o nosso universo.

(ii) Modelos inflacionários podem ser eternos no futuro (durarão para sempre), mas eles não podem ser eternos no passado (o próprio multiverso teve um começo). Tentativas de fazer o multiverso eterno no passado (como o modelo de Sean Carroll) falham por uma variedade de razões.

(iii) Cenários de multiverso enfrentam o problema do Cérebro de Boltzmann. Um universo finamente ajustado (sintonizado) como o nosso é incompreensivelmente improvável no naturalismo. Quanto mais você multiplica mundos dentro do multiverso, a fim de tornar provável que observadores irão aparecer em algum lugar no multiverso de mundos, mais provável se torna que devemos ser Cérebros de Boltzmann, cérebros isolados que têm oscilado em existência a partir do vácuo quântico. Pois mundos observáveis ​​como aquele são muito mais abundantes do que mundos que são afinados para agentes conscientes encarnados. Então, se nós fôssemos apenas membros aleatórios de um multiverso de mundos, deveríamos ter observações como aquela. Mas nós não temos; o que desconfirma a hipótese do multiverso.

Estes pontos foram todos discutidos no recente Fórum Greer-Heard sobre "A Existência de Deus à Luz da Cosmologia Contemporânea".

- William Lane Craig