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#261 Mantendo a Epistemologia Moral e a Ontologia Moral Distintas

May 10, 2015
Q

Dr. Craig,

Tenho debatido com diversos ateus a respeito dos valores objetivos morais sendo fundamentados em Deus. Tenho ido bem em evitar a armadilha da epistemologia moral e tenho conseguido manter o debate da ontologia moral. Agora estou travado e preciso da sua ajuda.

Citando você, em um debate com o Dr. Harris, você disse, "O teísmo provê um sólido fundamento para os deveres morais objetivos. Em uma visão teísta, deveres morais objetivos são constituídos de comandos de Deus. A natureza moral de Deus é expressa em relação a nós na forma de comandos divinos. Estes constituem nossas obrigações morais".

Ao dizer isso, não se está já provendo um argumento a favor da Teologia Revelada e assim fazendo um argumento a favor da epistemologia moral? Isto é, a não ser que comandos divinos não venham através da Teologia Revelada.

Por favor, ajude-me, não sei como sair dessa. Parece que estou preso em ter que discutir epistemologia moral agora.

Estados Unidos

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Dr. Craig

Dr. craig’s response


A [

Como eu explico em Philosophical Foundations for a Christian Worldview [em português: Filosofia e Cosmovisão Cristã], é de importância vital ao discutir argumentos morais para a existência de Deus que se distinga claramente várias áreas da

A afirmação de que os valores e deveres morais são fundamentados em Deus é uma afirmação Metaética sobre Ontologia Moral, não sobre Linguística Moral ou Epistemologia. É fundamentalmente uma afirmação sobre o status objetivo de propriedades morais, não uma afirmação sobre o significado de frases morais ou sobre justificação ou conhecimento de princípios morais.

Eu estou convencido de que manter a distinção entre epistemologia e ontologia moral clara é a tarefa mais importante para formular e defender um argumento moral a favor da existência de Deus do tipo que eu defendo. Um proponente desse argumento irá concordar facilmente (e até mesmo insistir) que nós não precisamos conhecer ou até mesmo acreditar que Deus existe a fim de discernir valores morais objetivos ou reconhecer nossos deveres morais. Afirmar os fundamentos ontológicos de valores e deveres objetivos morais em Deus da mesma forma não diz nada sobre como nós viemos a conhecer esses valores e deveres. O teísta pode estar genuinamente aberto a quaisquer teorias epistemológicas que seu oponente secular propuser de como viemos a conhecer valores e deveres objetivos.

Então estou feliz em saber que estás mantendo a distinção entre epistemologia e ontologia moral clara em suas discussões com não-teístas. Se você mantiver-se fielmente com esta distinção, eu acho que você pode facilmente ver a resposta a sua pergunta: "Ao dizer isso [que deveres objetivos morais são constituídos pelos comandos de Deus], não se está já provendo um argumento a favor da Teologia Revelada e, assim, fazendo um argumento a favor da epistemologia moral?" Dizer isso irá, de fato, implicar que uma das formas como conhecemos nossos deveres morais é através de uma revelação (escritural) dos comandos de Deus. Mas isso não quer dizer que esta é a única forma que viemos a conhecer nossos deveres morais. Como Paulo disse, "Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se" (Romanos 2:14-15).

O ponto importante é que os comandos de Deus constituem nossos deveres morais. Esta é uma declaração de ontologia moral. Como nós viemos a conhecer nossos deveres morais é uma questão de epistemologia moral e é irrelevante para o argumento. Não há nada para "sair dessa."

Notas

1 Ver Walter Sinnott-Armstrong, “Moral SkepticismandJustification,” em Moral Knowledge?, ed. Walter Sinnott-Armstrong e Mark Timmons (New York: Oxford University Press, 1996), pp. 4-5.

- William Lane Craig