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#343 Concordismo

May 16, 2015
Q

20 de Janeiro, 2013 Podcast de William Lane Craig:

"Mais de 50% dos pastores evangélicos acreditam que o mundo tem menos de 10.000 anos de idade. Se você pensar sobre isso, Kevin, é extremamente embaraçoso que mais da metade dos nossos ministros realmente acreditam que o nosso universo tem apenas cerca de 10.000 anos de idade. Isto é besteira científica e ainda assim esta é a visão em que a maioria de nossos pastores acredita".

Concordismo: A tentativa de correlacionar a bíblia e a ciência moderna, considerando os dias como eons de talvez milhões de anos cada dia. (Wimmer p. 68)

Dr. Craig, embora você tente fingir sobre o fato de que você "não" é um concordista (muitas vezes você reconhece que isto é tão herético quanto o arianismo, o nestorianismo, etc), por sua própria definição você obviamente é? Muitas e muitas vezes você usa a terminologia que "a ciência moderna nos diz", mas então você rapidamente diz "eu não sou um concordista!" Eu já vi você se esquivar desta pergunta muitas vezes, por isso estou quase certo que não vou conseguir uma resposta a esta pergunta, confirmando assim o meu ponto de vista. Eu devo lhe perguntar "Como você não é um concordista?" (Eu tenho visto você tentar redefinir o que uma definição evidencialista significa (classificando-se assim como um evidencialista "tradicional", mas não moderno). Da mesma forma, você não tem problema com a hipótese defendida no livro de Bill Dembski “End of Christianity” [Fim do Cristianismo], por exemplo, que diz que o passado foi criado após da "Queda". Eu não acho nada de errado com esta hipótese e, aparentemente, você também não, mas isso parece estar de acordo com o conceito de Criacionismo da Terra Jovem? MAIS UMA VEZ você se esquivou desta pergunta. Como você pode concordar com Dembksi, mas defender que não devemos concordar com um Criacionista Terra Jovem (CTJ) porque é "besteira científica"?

Eu não sou um CTJ per se, mas eu não posso descartá-la com baseada na ciência ou na cosmologia moderna simplesmente porque eu não sou um concordista de qualquer forma. Eu só oro para que você realmente avalie as lacunas em seu ponto de vista e se distancie do concordismo na medida do possível, (eu sou um fã e seu apoiador por isso não tenha medo de ser criticado por um torcedor). "Three Views of Creation and Evolution” [Três Visões da Criação e Evolução], que tem Paul Nelson, um defensor do ID [design inteligente], falando em favor do que ele chama de criacionismo recente, não tem uma visão estrita de 4004 a.C. com o dos grupos como Resposta em Gênesis [REG]; o colega de você, Dr. J.P. Moreland, respondeu este ponto de vista dizendo: "Eu realmente acho que a visão do CTJ poderia estar certa". Portanto, antes de você chamar Paul Nelson ou J.P. Moreland de"ignorantes científicos" ou simplesmente considerá-los "ignorantes da exegese da Bíblia" como você faz neste podcast, talvez um pouco mais de humildade da sua parte seria apropriado (Eu posso, claro, fornecer qualquer/todas as referências bibliográficas/se necessário)

O meu grupo tem apoiado financeiramente o seu ministério desde há muito tempo e se divertiu o conhecendo nos Estados Unidos, bem como no cruzeiro no Mediterrâneo, mas devo insistir sinceramente, da mesma forma, que eu faria aos meus amigos Testemunhas de Jeová ou mórmons que concordismo não é só antibíblico mas eu acho que é ainda mais improvável do que o cientificismo. Então em vez de afirmar que "talvez Adão e Eva tenham sido os primeiros hominídeos a surgirem" e que, portanto, sua exegese mantém-se firme, talvez seja a sua exegese que precisa ser mexida? A humildade é uma característica que todos os cristãos devem ter e é por isso que eu fico mais no campo de Francis Schaeffer sobre a questão; um, de abertura humilde, de que talvez você esteja certo; talvez Paul Nelson esteja certo; talvez Dembski esteja certo; de qualquer forma até que seja capaz de defender algumas das perguntas que fiz (eu entre inúmeros outros que não sabem se WLC é um criacionista da terra antiga/evolucionista teísta ou o que seja (estou LONGE de ser o único a não ter ideia de onde você está)). Então eu devo concluir que o ponto de vista de Paul Nelson e Dembski é muito mais plausível e biblicamente exegético do que o seu próprio. Então, por favor, considere em oração estes em seus estudos pessoais e orações, mas também, por favor, não continue a "jogar outros sob o ônibus" de uma forma muito não-cristã e, POR FAVOR, abandone a versão modificada do concordismo que você parece endossar (mas não endossa) e exponha em termos claros como cristal onde você (WLC) está sobre estas questões e não tenha medo do que os outros pensam.

*** Eu já trabalhei com o Discovery Institute em várias ocasiões e Casey Luskin, John West e Jay Richards concordam comigo sobre este ponto de vista (que a sua opinião é muito complicada e pouco clara apesar de eles não se considerarem CTJ é claro), então eu realmente não acho que eu estou sozinho aqui, estou?

Sinceramente,

CL

Austrália

  • Australia

Dr. Craig

Dr. craig’s response


A [

Eu normalmente não escolho perguntas como esta, CL, mas sua carta é tão cheia de equívocos que, tendo recentemente passado vários meses palestrando sobre criação e evolução na nossa turma Defenders [em inglês], acho que a sua pergunta é irresistível. Espero que ao abordá-la, algumas coisas positivas possam vir ao dirigir os leitores para minhas palestras, onde eu articulo meu pensamento claramente.

Em primeiro lugar, a definição de concordismo que você dá não é a habitual. Eu não sei quem é Wimmer, mas ele está usando a palavra de forma idiossincrática que parte do uso normal. Concordismo não é a tentativa de correlacionar a Bíblia e a ciência moderna através de uma teoria Dia-Era. A teoria Dia-Era é uma interpretação particular de Gênesis 1. O concordismo é, na verdade, uma abordagem hermenêutica para as Escrituras. É uma hermenêutica que defende a interpretação das Escrituras à luz da ciência moderna. Tenta-se ler ciência moderna no texto. Concordismo é uma hermenêutica que pode ser adotada por um criacionista da Terra Jovem ou Terra Velha. Por exemplo, o criacionista da Terra Velha pode considerar a expressão bíblica que o Senhor "estendeu os céus" como sendo uma descrição da expansão do espaço postulada pela cosmologia moderna. Os criacionistas da Terra Jovem podem considerar a expressão bíblica que as coisas se reproduzem "segundo a sua espécie" para se referir às espécies biológicas modernas

Agora, eu rejeito a hermenêutica do concordismo. Em vez disso, devemos adotar a abordagem hermenêutica de tentar determinar a forma como o autor original e público teriam entendido o texto. Em vez de tentar impor a ciência moderna no relato de Gênesis da criação, ou a lê-lo à luz da ciência moderna, queremos ler o relato como teria sido entendido pelo povo original que o leu. Isso nos obriga a colocar entre parênteses o nosso conhecimento da ciência moderna e colocar-nos na pele destes antigos hebreus.

(A propósito, concordismo não é uma heresia. É apenas hermenêutica ruim que obscurece em vez de iluminar o texto.)

Eu espero que isso responda sua pergunta "Como você não é um concordista?" (Ironicamente, eu também não sou um concordista no sentido idiossincrático de Wimmer, já que eu rejeito a interpretação Dia-Era. Eu fui perfeitamente claro sobre isso em minhas palestras do Defenders.) Então, eu não tenho nada do que me "distanciar".

Seu ponto sobre a teodiceia de William Dembski é confuso. Como eu o entendo, sua proposta visa precisamente explicar como pode haver um mundo de morte e sofrimento antes da queda do homem. Sua solução é que o resto do mundo, fora do Jardim do Éden, está prolépticamente caído, isto é, Deus, conhecendo de antemão que o homem iria cair em pecado, criou-o em um mundo caído que seria o mais adequado ao seu estado caído. Sua visão não é a visão absurda de que "o passado foi criado depois da 'queda'," como por causalidade para trás! A visão provocativa de Dembski é uma teodiceia da Terra Velha.

Acho estranho que você defende a abordagem de Francis Schaeffer de "abertura humilde", uma vez que é precisamente o que eu defendo nas minhas palestras do Defenders sobre a interpretação de Gênesis 1. Eu esboço cerca de oito diferentes interpretações de Gênesis 1 defendidas pelos exegetas evangélicos, desde a interpretação literal até a interpretação mitológica. No final, eu deixo a questão em aberto quanto a qual é o entendimento correto, embora alguns desses pontos de vista (como o de John Walton) me parecem muito mais plausíveis do que outros. E quanto a você? Você está aberto à interpretação do quadro literário de Henri Blocher? Ou à interpretação funcional de Walton? Ou você está aberto apenas para as visões da Terra Jovem?

Além da questão de como se deve interpretar melhor Gênesis 1, está a questão logicamente posterior de como essa interpretação deve ser integrada com as descobertas da ciência moderna, a fim de alcançar uma visão de mundo sinótica (que deve ser o objetivo de todo teólogo sistemático). Note que estas são duas questões distintas, tratadas separadamente em minhas palestras. Como alguém que há mais de trinta anos tem lidado com a cosmologia do Big Bang, eu tenho sido bem claro ao afirmar que eu acredito que o universo tem cerca de 13.800 milhões de anos de idade. Nenhum leitor informado poderia se confundir sobre isso. Mas ao contrário de um concordista como Hugh Ross, eu não acho que a Bíblia ensina o Big Bang. Repeto: há duas questões distintas aqui: (1) como Gênesis 1 deve ser interpretado de maneira apropriada (que requer ostracismo do concordismo), e (2) a forma como esta interpretação é integrada com as descobertas da ciência moderna (que requer levar em conta os dados tanto da ciência moderna quanto das escrituras, devidamente interpretadas).

Quanto à origem da vida e o desenvolvimento da complexidade biológica, eu novamente não tenho opiniões fortes sobre o assunto. Eu mantenho uma abertura humilde e estou pronto para seguir a evidência aonde ela leva. Talvez parte da falta de clareza sobre os meus pontos de vista que você menciona seja devido ao fato de que eu estou indeciso sobre estas questões e, portanto, genuinamente aberto a alternativas. Mas, como explicado em minhas palestras, parece-me que algum tipo de criacionismo progressivo seja talvez a visão que melhor integre os dados bíblicos e científicos.

- William Lane Craig