#341 A Feminização do Cristianismo

Dr. craig’s response

Minhas observações sobre a atração peculiar que apologética cristã tem para os homens envolve várias afirmações. Vamos deestrinchá-las para ver quais delas são objetáveis.

Em primeiro lugar está a minha observação de que a apologética parece ser muito mais interessante para homens do que para mulheres. Essa observação é baseada em uma enorme quantidade de experiência falando em campi universitários, em conferências de apologética e em salas de aula. Esta é uma realização que gradualmente e, de forma inesperada, fui obrigado a aceitar. Tornou-se muito evidente para mim não só que o público que vinha a esses eventos eram em grande parte do sexo masculino, mas que em evento após evento somente os homens levantavam-se para fazer uma pergunta. Estes fatos parecem-me inegáveis.

Em segundo lugar está a minha hipótese de que essa disparidade se explica pelo fato de que os homens respondem mais prontamente a uma abordagem racional, ao passo que as mulheres tendem a reagir mais a abordagens relacionais. Claro, isso é apenas a minha melhor sugestão e se você tem uma hipótese melhor para explicar a disparidade, Alexandra, estou aberto a ela. Mas tem que haver uma explicação.

Por favor, entenda que o que eu estou fazendo não é estereotipar, mas generalizar. Há uma diferença entre um estereótipo e uma generalização. A generalização admite exceções, mas continua a ser uma caracterização precisa da maioria dos membros de um grupo. A maioria das mulheres respondem melhor aos apelos relacionais, enquanto os homens tendem a gostar da abordagem racional. Livros sobre como melhorar o casamento enfatizam fortemente essa diferença. Em seu livro fascinante You Just Don’t Understand: Women and Men in Conversation [Você Simplesmente Não Entende: Conversações de Mulheres e Homens], Deborah Tanner, por exemplo, diz que a forma como homens e mulheres se comunicam é tão diferente que, quando um homem fala com uma mulher, é um caso de comunicação multi-cultural!

A princípio pensei que, talvez, a razão das mulheres quase nunca se levantarem para fazer uma pergunta era devido ao fator de intimidação: elas simplesmente se sentem menos confortáveis do que os homens para levantar-se publicamente para fazer uma pergunta. É por isso que a experiência de ver o painel de Downton Abbey foi tão intrigante para mim. Embora houvessem homens na plateia, todos os que se levantaram e fizeram uma pergunta eram mulheres! Quando um homem finalmente se levantou e perguntou alguma coisa, isso foi quase um motivo de celebração e foi notado por todos. Agora, obviamente, essa evidência é anedótica, não estatística, como você aponta, mas ainda assim não foi acidental. Qual é a explicação? Aqueles de nós que, como Jan (a minha esposa) e eu, somos fãs de Downton Abbey, sabemos quão relacional o programa é, uma vez que segue a vida pessoal e lutas dos que estão na casa. É impressionante que as mulheres não se sintam intimidadas em levantar-se publicamente e fazer perguntas sobre assuntos muito relacionais.

Talvez eu esteja errado sobre o porquê da apologética chamar consistentemente mais homens que mulheres, mas se assim for, então ainda precisamos encontrar alguma explicação de por que isso é assim.

Em terceiro lugar está a minha afirmação de que a igreja está se tornando cada vez mais feminizada. O que quero dizer com isto é que os cultos e programas da igreja estão cada vez mais baseados em fatores emocionais e relacionais que apelam mais às mulheres do que aos homens. O problema da falta de recurso para os homens da igreja tem sido reconhecido pelos movimentos dos homens como Promise Keepers e livros como o de John Eldredge, Coração Selvagem. Em nenhum lugar essa feminização é mais evidente do que na música de adoração contemporânea. Alguém disse muito bem que, se você fosse substituir referências a Deus em muitas canções de louvor com "Amorzinho", soariam como canções românticas entre um homem e uma mulher! Isso não é verdade de hinos clássicos como "Castelo Forte" ou "E pode ser?" Conversando com homens jovens, acho que muitos deles são simplesmente desestimulados por esses cultos melosos e prefeririam não ir.

Vemos essa mesma feminização em fatores relacionais na cobertura da rede de esportes, tradicionalmente um reduto masculino. A cobertura dos Jogos Olímpicos tem, deliberadamente, colocado a mulher como alvo a fim de aumentar a audiência, colocando histórias pessoais sobre a vida dos atletas, em vez de simplesmente televisionar os próprios eventos. Em esportes profissionais você já reparou como, nos últimos anos, as redes de televisão têm envolvido jornalistas do sexo feminino para ir até o campo para entrevistar os jogadores de beisebol ou futebol, geralmente sobre como se sentiram sobre isso ou aquilo? Jan e eu tivemos que rir quando, seguindo a recente vitória de virada dos Broncos sobre os Ravens, a repórter perguntou para Peyton Manning, "Você não se sentiu mal pela outra equipe quando você olhou para o placar?" Uh, acho que não!

Você está certa ao dizer que a predominância de mulheres no Cristianismo é um fenômeno relativamente novo. Foi somente ao longo dos últimos 200 anos que o cristianismo tornou-se cada vez mais feminino em sua demografia. Estou muito preocupado porque a igreja está em um rumo que vai acabar em relativamente poucos homens sendo cristãos ativos.

Em quarto lugar está a minha afirmação de que a apologética é a chave para tornar a igreja e a fé cristã relevantes para os homens mais uma vez. As pessoas pensam que por ter programas esportivos ou churrascos dos homens a igreja vai atrair mais homens. Mas estou convencido de que o segredo mais bem guardado para atrair homens é a apologética. Homens precisam ver que Jesus de Nazaré não foi apenas um cara durão, mas um cara inteligente. Eu nunca suspeitei de que a apologética teria este efeito especial sobre os homens. Eu não tinha intenção de ministrar particularmente para os homens neste ministério. Mas o apelo da apologética para os homens é simplesmente inegável. Na minha classe do Defenders, temos caras que nem sequer frequentam a igreja, mas que regularmente vêm para minhas palestras sobre doutrina e apologética cristã. Uma mulher na classe me disse: "Eu não entendo muito do que você diz. Mas eu estou contente de vir, porque esta é a única atividade espiritual de que o meu marido vai participar comigo."Wow!

Duvido que o que eu disse em resposta à sua pergunta, Alexandra, vai fazer muito para reconstruir a sua fé nas minhas palavras! Minhas observações sobre a atração peculiar que a apologética cristã tem para os homens podem não ser politicamente corretas, mas eu acredito que elas são precisas, mesmo que decepcionantes e chocantes para alguns.