back
05 / 06
bird bird

#348 A Consciência da Alma de sua Própria Tomada de Decisão

May 16, 2015
Q

Caro Dr. Craig,

A minha pergunta diz respeito a sua resposta para aqueles que usam os famosos experimentos de Libet como evidência contra o dualismo. Sua resposta salienta que, dada a velocidade limitada da comunicação neuronal, faria sentido que a sua consciência do padrão do cérebro anteriormente ditado (ditado pela alma) posteriormente seguiria de algum período de tempo finito.

Se isso for verdadeiro, então eu pudesse estar pensando sobre a consciência da forma errada toda a minha vida, já que eu sempre tenho pensado da consciência como a perspectiva da alma sobre a realidade, em vez de como a perspectiva do cérebro ou do corpo terrestre. Mas se a sua explicação dos dados de Libet estivesse correta, então a consciência da minha alma estaria desconectada (de alguma forma) da minha consciência terrena. Ou seja, a minha alma toma decisões conscientes antes que eu mesmo esteja consciente delas (aparentemente sem meu conhecimento). Não tenho problema em reorganizar a maneira como eu penso da alma, mas eu estou desconfortável com as implicações que eu inferi. Qualquer esclarecimento seria apreciado.

Aaron

Estados Unidos

  • United States

Dr. Craig

Dr. craig’s response


A [

Aqueles que não estão familiarizados com o pano de fundo da pergunta de Aaron devem primeiro ler a minha resposta à Pergunta # 314. Não está claro como interpretar o significado dos experimentos fascinantes de Libet, mas o meu ponto era apenas que seus resultados foram exatamente o que um dualista-interacionista esperaria. Dado o uso da alma do cérebro como um instrumento de pensamento, a alma vai se tornar consciente das suas próprias decisões um pouco depois dessas decisões, devido à velocidade finita de sinais neurais.

Em seu primeiro parágrafo, Aaron, você deturpa um pouco o ponto dizendo que a alma mais tarde torna-se consciente do "padrão cerebral anteriormente ditado". Isso não está correto. Eu sou normalmente completamente ignorante acerca dos meus próprios padrões cerebrais; eu nunca tomo consciência deles. Em vez disso a alma se torna consciente de sua própria decisão, que ela fez algumas centenas de milissegundos antes. Assim, a alma toma uma decisão e logo depois tem a consciência de tomar essa decisão. Como enfatizei na minha resposta anterior, não é correto dizer que a alma toma decisões inconscientes; a decisão é consciente, mas a consciência da decisão é imperceptivelmente separada da própria decisão por um pequeno intervalo de tempo.

Em seu segundo parágrafo, o seu pensamento parece entrar em confusão. Você diz: "eu sempre tenho pensado da consciência como a perspectiva da alma sobre a realidade, em vez de como a perspectiva do cérebro ou do corpo terrestre”. Essa parece ser uma visão mais cartesiana da alma (do filósofo francês René Descartes). Em contraste com o dualismo-interacionismo, parece pensar na alma como tendo estados conscientes de forma totalmente independente do corpo e seus estados cerebrais. No dualismo-interacionismo, em contraste, a alma está usando o cérebro para pensar e assim, por estar encarnada, ela não tem consciência independente. Durante o estado intermediário da alma entre a morte do corpo e eventual ressurreição, não haverá uso instrumental do cérebro para o pensamento, e assim não há atraso na conscientização de seus próprios estados, já que não é mais dependente de sinais neurais de velocidade finita. Durante a nossa condição encarnada, a perspectiva da alma e a perspectiva do cérebro estão unificadas.

Mas então você continua a dizer: "se a sua explicação dos dados de Libit estivesse correta, então a consciência da minha alma estaria desconectada (de alguma forma) da minha consciência terrena. Ou seja, a minha alma toma decisões conscientes antes que eu mesmo esteja consciente delas (aparentemente sem meu conhecimento)". Mas o oposto é verdadeiro. No dualismo-interacionismo, a consciência da alma é uma com a minha consciência terrena. Então a alma certamente não toma decisões conscientes antes de que você esteja consciente delas. Na verdade, já que você não é distinto da sua alma, isso seria afirmar a auto-contradição de que você faz decisões conscientes antes que você esteja consciente delas! Em vez disso, o que é correto dizer é que no dualismo-interacionismo você toma decisões antes de se aperceber delas. Conforme explicado na minha Pergunta anterior, isto não é problemático, já que tudo que você precisa para tomar decisões racionais livres é uma consciência de todos os fatos relevantes antes de tomar a decisão. Sua (ou da alma) consciência de tomar a decisão então vem um pouco depois de tomar a decisão.

- William Lane Craig